sábado, 26 de junho de 2010

Muito obrigado senhor

Dia 20 deste, completei 53 anos e um dos presentes que ganhei (da minha irmã, Rosângela) foi um livro chamado "Você nasceu para ser feliz", de Paulo Valzacchi que li de uma tantada só.
No livro chamou-me mais a atenção um poema que o autor atribui a Amélia Rodrigues e que me tocou profundamente, então decidi dividi-lo com o Luz no Paraíso.


Poema de Amélia Rodrigues:

Muito obrigado, Senhor,
Pelo que me deste, em forma de amor,
Muito obrigado pelo que me dás,
Pelo ar, pelo pão, pela paz.
 
Muito obrigado, Senhor, pelos meus olhos,
Que vêem o céu, a terra e o mar,
Que acompanham a ave ligeira,
Que corre fagueira, pelo céu de anil
Que se detém na terra verde,
Salpicada de flores,
Em tonalidades mil.
 
Obrigado, Senhor,
Porque eu posso ver o meu amor,
Diante da minha visão.
Eu me detenho a fitar na imensidão
Os que choram na escuridão.
 
Oro por eles, cegos que estão,
Na certeza que na outra vida,
Depois desta vida,
Eles também enxergarão.
 
Muito obrigado, Senhor,
Pelos ouvidos meus,
Ouvidos que ouvem o tempo,
O pingar da chuva no telheiro,
A melodia do vento,
Dos ramos no salgueiro.
 
As lágrimas que vertem
Dos olhos do mundo inteiro;
Ouvidos que ouvem,
A melodia do povo,
Que desce o morro.
 
Da praça a cantar,
E a voz dos imortais,
Que se ouve uma vez,
E ninguém olvida nunca mais.
 
Pela minha felicidade de ouvir,
Deixa-me pelos surdos pedir,
Eu sei que depois desta prova
Na vida nova,
Eles também poderão ouvir.
 
Muito obrigado, Senhor,
Pela minha voz,
Mas também pela Sua voz.
Pela voz que ama.
Pela voz que ajuda e declama.
Pela voz que ensina,
Que alfabetiza, que ilumina.
 
Pela voz que canta uma canção,
Diante da minha melodia
Eu ouço na treva,
Os que choram uma fatia
Não cantam de noite,
Nem falam de dia.
 
Torno por eles a orar,
Porque eu tenho certeza,
Que depois desta provação,
Na outra vida poderão cantar.
 
Muito obrigado, Senhor,
Pelas minhas mãos,
Mãos que aram,
Mãos que trabalham,
Mãos que malham,
Mãos que agasalham.
 
Mãos de amor,
Mãos de ternura,
Mãos que libertam de amarguras,
Mãos de caridade,
De solidariedade,
Mãos do adeus
 
Que escrevem poemas de carinho,
Que trabalham a pedra e fazem estatuas
Que pintam beleza,
Copiando a natureza.
 
Mãos que assinam decretos,
Que fazem leis de justiça,
Que escrevem livros de libertação.
 
Mãos!
Que estreitam mãos,
Que limpam feridas,
Que ajudam as mães,
Que libertam vidas,
 
Mãos!
Que no seio agasalham,
O filho de um corpo alheio,
Sem receio.
 
E pelos pés, sei me levantar,
Sem reclamar,
Obrigado Senhor,
Porque eu posso andar.
Diante do meu corpo perfeito,
Eu me ponho a louvar.
 
Porque, respondo eu na terra,
Os que são infelizes,
Aleijados, marcados,
Amputados, deformados, desolados;
 
E eu me posso movimentar.
Tem deles compaixão, eu sei,
Que depois dessa expiação,
Eles também bailarão.
 
Muito obrigado Senhor,
Pelo meu lar,
É tão maravilhoso Senhor, ter um lar,
Ter em casa alguém a nos amar.
 
Pode ser uma mansão,
Uma tapera,
Uma favela,
Um bangalô
Uma casa de amor.
 
Um ninho,
Uma casa no caminho,
Ou seja lá o que for,
Mas que haja amor.
 
Amor de mãe,
Amor de pai,
De esposa, de marido e de irmão,
Alguém que nos dê a mão.
 
A presença de um amigo,
O olhar de um cão,
Dói tanto a solidão.
 
Mas se eu não tiver ninguém para me amar,
Nem um teto par me agasalhar,
Uma cama para deitar,
Uma casa para morar.
 
Se eu nada tiver,
Nem aí me desesperarei,
Pelo contrário, bem direi,
Levantar-me-ei,
E então cantarei.
 
Obrigado, Senhor,
Porque creio em Ti,
Muito obrigado porque nasci,
Pelo Teu amor,
Obrigado Senhor,
Muito obrigado, Senhor!
Obrigado, Senhor! 

Obrigado senhor por me dar sensibilidade para gostar deste poema, pela felicidade de poder entende-lo e pela alegria de poder compartilha-lo.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O bem e o mal


Ontem foi meu aniversário, muitas coisas boas aconteceram e algumas ruins também, o bem e o mal estiveram presentes neste dia que é sempre marcante, mas preferi terminar o dia lembrando das coisas boas que aconteceram, a presença de alguns de meus irmãos no delicioso almoço oferecido pela nossa mãe e a própria presença de dona Ignez ainda em minha vida e ainda se esforçando com tudo que tem para me ver feliz, sem nunca pedir nada em troca.
Ganhei alguns presentes, vi o Brasil jogar bem e apesar de não ter acontecido nada de muito impressionante o dia terminou bem e produzi algumas coisas ao mesmo tempo em que recebia o carinho de muitos amigos, alguns que eu nem lembrava mais.
Mas foi hoje de manhã que ganhei um presente inesperado, no texto diário enviado pelo Professor Sigmar Sabin e com a colaboração de uma de suas leitoras, que assumiu o ensinamento do texto de hoje, com uma história que eu já tinha lido, mas nunca prestei a devida atenção, não vou repetir o texto de Anna Paula, mas vou conta-lo com a minha interpretação.
Este texto circula na internet em diversas versões, inclusive em algumas se alterna o mesmo personagem, mas a versão de Anna Paula me tocou melhor, portanto vou segui-la, mas com minhas palavras.
Reza a lenda que...
Leonardo da Vinci estava pintando o seu famoso quadro "A última ceia" e tentava encontrar as expressões adequadas para Jesus e para Judas, que em sua concepção deveriam representar, respectivamente o bem e o mal.
Um dia, andando pela cidade encontrou um mendigo, com uma expressão tal que entendeu que era a que desejava para Judas.
Chamou seus ajudantes, que levaram o mendigo a seu estúdio e lá captou os traços que considerava perfeitos para representar o mal. Ao final do trabalho deu algumas moedas ao mendigo e lhe falou alguma coisa sobre tentar melhorar de vida, esquecendo-se do assunto.
Faltava ainda o modelo para representar Jesus e um dia Da Vinci encontrou os traços perfeitos em um rapaz que cantava no coro da igreja, chamou o rapaz para servir de modelo e ao final da sessão o rapaz afirmou que já tinha visto aquele quadro antes e isso surpreendeu Da Vinci, já que o quadro não era ainda público.
Ao perguntar ao rapaz quando foi que viu o quadro, descobriu que ele era o mesmo mendigo que tinha servido de modelo para o Judas, o rapaz informou que depois de ter participado da pintura sentiu uma iluminação interior que o fez procurar mudar de vida.
Esta história circula em diversas versões, em algumas o que acontece é o contrário, Da Vinci primeiro pinta Jesus e depois o homem se transforma em mendigo.
Provavelmente nem uma versão e nem a outra são realidade, Leonardo Da Vinci é cheio de mistérios e certamente era capaz de encontrar as expressões de seu quadro sem necessidade de modelos, mas não é isso que realmente importa e sim a lição que podemos tirar destas histórias.
O bem o o mal podem perfeitamente ser faces da mesma moeda, tudo depende de como olhamos, ou de como nos comportamos.
A história do mendigo é certamente a melhor versão que podemos observar, uma vez que uma pessoa chega a esta situação justamente porque a sociedade prefere ignorar sua existência e já comentei mais de uma vez em meus escritos que em uma pesquisa que realizei com moradores de rua - há muitos anos atrás - lhes fiz uma pergunta cuja resposta me marcou para o resto da vida, perguntava o que lhes faltava e a resposta mais dada foi: atenção.
Não importa se Da Vinci deu atenção ao mendigo para satisfazer uma necessidade, pois de qualquer forma permitiu que ele participasse de um momento histórico, lhe deu dinheiro por algo que seria um trabalho e não por esmola e se lhe disse palavras, certamente não foram quaisquer palavras, mas algo capaz de despertar o homem de bem que estava encarcerado naquele momento.
Da mesma forma, se entendermos a história em que o modelo para Jesus se transforma em mendigo, teríamos que entender que após passar por um momento ilustre a pessoa se perdeu...  certamente a outra versão é mais interessante.
Observando o quadro, que tem cópias muito diferentes entre si, disponíveis na Internet é possível ver que tanto Judas quanto Jesus não tem qualquer similaridade, mesmo porque Judas está de lado e Jesus um pouco de frente (em algumas reproduções com o rosto invertido).
Como não posso indicar o quadro certo, vou escolher um deles e destacar as imagens, mas a lição continua a ser uma só.
Bem e mal estão sempre presentes e é como olhamos para uma situação que define o que ela nos parece.

Tenham um bom dia.

Obs: A imagem que está logo no início do post foi baixada na Internet e a ela foram acrescentados dois estudos que tirei de outra fonte, onde as imagens de Jesus e de Judas estão na melhor resolução que pude conseguir. Nota-se que não há muita semelhança entre os modelos mas a estão em posições bem diferentes e não é possível analisar com muita precisão, fica a imagem apenas como curiosidade.


sexta-feira, 11 de junho de 2010

Homenagem ao reverendo Francisco

Há alguns dias a Cidinha me pediu para colocar esta homenagem no Luz, demorei um pouco porque estou de mudança e ainda não tenho internet no novo lar, mas nunca é tarde para atender ao pedido de uma pessoa querida.

Me foi enviada uma música, mas tomei a liberdade de acrescentar algumas imagens de ikebanas, que venho colecionando em diversos lugares que já visitei, desde que comecei a freqüentar a IM, creio que assim adiciono minha própria homenagem.


quinta-feira, 10 de junho de 2010

Definição de saudade.

Artigo do Dr. Rogério Brandão, Médico oncologista

Como médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de atuação
profissional (...) "... posso afirmar que cresci e modifiquei-me com os
dramas vivenciados pelos meus pacientes. Não conhecemos nossa verdadeira
dimensão até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de
ir muito mais além.
Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus
primeiros passos como profissional. Comecei a freqüentar a enfermaria
infantil e apaixonei-me pela oncopediatria. Vivenciei os dramas dos meus
pacientes, crianças vítimas inocentes do câncer.

Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o
sofrimento das crianças. Até o dia em que um anjo passou por mim! Meu
anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada por dois
longos anos de tratamentos diversos, manipulações, injeções e todos os
desconfortos trazidos pelos programas de químios e radioterapias. Mas
nunca vi o pequeno anjo fraquejar. Vi-a chorar muitas vezes; também vi
medo em seus olhinhos; porém, isso é humano!

Um dia, cheguei ao hospital cedinho e encontrei meu anjo sozinho no
quarto. Perguntei pela mãe. A resposta que recebi, ainda hoje, não consigo
contar sem vivenciar profunda emoção.

" - Tio, disse-me ela, às vezes minha mãe sai do quarto para chorar
escondida nos corredores. Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com
muita saudade. Mas, eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para
esta vida!"
Indaguei:
- E o que morte representa para você, minha querida?
" - Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do
nosso pai e, no outro dia, acordamos em nossa própria cama, não é?"
(Lembrei das minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, com elas, eu
procedia exatamente assim). - É isso mesmo.
"- Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa
Dele, na minha vida verdadeira!"
Fiquei "entupigaitado", não sabia o que dizer. Chocado com a maturidade
com que o sofrimento acelerou, a visão e a espiritualidade daquela
criança.

"- E minha mãe vai ficar com saudades, emendou ela."
Emocionado, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei: - E o que
saudade significa para você, minha querida?

- Saudade é o amor que fica!

Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um a dar uma definição
melhor, mais direta e simples para a palavra saudade: é o amor que fica.

Meu anjinho já se foi, há longos anos. Mas, deixou-me uma grande lição que
ajudou a melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano e carinhoso com
meus doentes, a repensar meus valores. Quando a noite chega, se o céu está
limpo e vejo uma estrela, chamo pelo "meu anjo", que brilha e resplandece
no céu. Imagino ser ela uma fulgurante estrela em sua nova e eterna casa.
Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve, pelas lições que me
ensinaste, pela ajuda que me deste.Que bom que existe saudade! O amor que
ficou é eterno.

Rogério Brandão
Médico oncologista clinico
RC Recife Boa Vista D4500

"UM ABRAÇO CARINHOSO COM MUITO AMOR, LUZ E HARMONIA" NÃO SOMOS SERES
HUMANOS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL... SOMOS SERES ESPIRITUAIS
PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA HUMANA...